Cidinha da Silva em antologia de Luiz Ruffato

Na orelha: "Questão de pele, antologia organizada por Luiz Ruffato, reúne contos sobre o preconceito racial mediante uma perspectiva diacrônica. De Maria Firmina dos Reis (1825-1917) a Cidinha da Silva (1967), este livro compreende um século de discussões em torno do racismo. Além de contos pouco conhecidos e outros já clássicos - como os de Machado de Assis e Lima Barreto -, Questão de pele traz a análise consciente de Conceição Evaristo, uma das maiores especialistas no assunto, e um apêndice com o relato de Mahommah G. Baquaqua, ex-escravo que passou pelo Brasil." Na apresentação, por Conceição Evaristo: "Nei Lopes, como sempre, não se descuida das políticas de identidade que um texto pode abordar, como se fosse uma brincadeira, sem angústias. Leitura semelhante pode ser feita do conto "Dublê de Ogum", de Cidinha da Silva. No que tange à apresentação de elementos da cultura afro-brasileira, aproveita um passado, e faz uma louvação à ancestralidade de matrizes africanas, sem ser pelo caminho da dor, do sofrimento. Construindo um discurso que soa como um sutil enfrentamento com a cultura de mídia, o texto retoma mitos de fundação africanos para apresentá-los em parelha com um imaginário veiculado por desenhos infantis televisivos. E demonstrando equivalência, ou mesmo superioridade de impregnação dos mitos africanos no inconsciente coletivo, Graiscow é remetido ao mito africano. Ogum prevalece sob (ou sobre?)a imagem e os "poderes de Graiscow". A contaminação dos signos comprovada pelos sonhos do menino, e apresentada no interior do conto, permite uma relembrança das práticas culturais afrodescendentes que vem se atualizando historicamente como modos de resistência. Ações essas que contagiam não só os negros, mas os brasileiros em geral. Contamina-se o signo, mas Graiscow não apaga Ogum, assim como São Jorge, o mito católico, também não elimina o Orixá africano."

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