A Legião Negra, romance histórico de Oswaldo Faustino

Romance histórico do jornalista Oswaldo Faustino aborda uma faceta pouco conhecida da história nacional: a participação voluntária de um grande número de afro-brasileiros a Revolução Constitucionalista de 1932, contra o regime de Getúlio Vargas a quem, contraditoriamente, grande parte desses combatentes reverenciava como “pai dos pobres”. (Release) "Entre julho e outubro de 1932, milhares de paulistas lutaram contra a ditadura de Getulio Vargas, instituída dois anos antes. Entre os objetivos dos revoltosos estavam a promulgação de uma nova Constituição e a deposição de Vargas. Muito já se contou sobre esse episódio, mas em A Legião Negra (Selo Negro Edições, 224 p., R$ 50,90), do jornalista Oswaldo Faustino, um ângulo quase inédito do episódio é apresentado: a brava atuação de uma legião formada, a princípio por três batalhões voluntários compostos exclusivamente de afrodescendentes. A ideia para o livro surgiu quando o ator Milton Gonçalves contou a Faustino que gostaria de fazer um filme sobre a Legião Negra e pediu ao escritor que pesquisasse o assunto. Recorrendo a documentos e publicações de época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino entrou em contato com a história de personagens reais que, no romance interagem com os concebidos pelo autor. A pesquisa permitiu-lhe também reconstruir o contexto social, cultural e econômico da São Paulo da década de 1930 – ora em situações conflituosas ora em aparente harmonia se interrelacionavam paulistas quatrocentões, negros, mestiços, imigrantes europeus e migrantes oriundos principalmente de estados do Nordeste. Cada qual com seus costumes e em espaços determinados, é verdade. Aos negros e pardos restavam apenas os cortiços, porões e subúrbios, as rodas de tiririca, o jogo ilegal e os biscates. O livro começa apresentando ao leitor o centenário Tião Mão Grande, que nos dias de hoje relembra sua participação, como voluntário, na Revolução de 1932. Sua memória recupera episódios e personagens que mudaram sua vida e a dos paulistas para sempre: alguns reais, como Maria Soldado, empregada doméstica que decidiu engrossar as fileiras revolucionárias; o advogado Joaquim Guaraná Santana e o grande orador Vicente Ferreira; outros fictícios, mas inspirados em arquétipos históricos, como Teodomiro Patrocínio, protegido de uma rica família que de início renega a ascendência africana e a negritude, mas depois se torna um grande líder militar da Legião Negra; Luvercy, jovem negro alistado contra a vontade pelo próprio pai, também combatente de ideais patrióticos; John, um jamaicano foragido nos EUA, onde participava das lutas anti-racistas e conviveu com pensadores como seu conterrâneo Marcus Garvey. A cada capítulo, Faustino recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos. “Poucos brasileiros sabem que esses bravos batalhões existiram. Infelizmente, o protagonismo negro continua fora da história oficial”, afirma Faustino. Por conta disso, um dos objetivos do autor foi criar uma obra acessível à juventude brasileira. De acordo com o escritor e compositor Nei Lopes, que assina o prefácio da obra, “A Legião Negra rompe com paradigmas, enganos e preconceitos, ajudando a reconstruir a história dos afrodescendentes com seriedade e dignidade”. O autor: Oswaldo Faustino é jornalista desde 1976, além de escritor e estudioso de relações etnorraciais. Foi repórter de rádio, TV, revistas e jornais, como Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, além de editor de Cultura do Diário Popular. Escreveu a biografia de Nei Lopes, primeiro volume da Coleção Retratos do Brasil Negro (Selo Negro, 2009). É coautor de diversos livros infantojuvenis e colaborador da revista Raça Brasil. Ministra palestras e minicursos para educadores sobre formas práticas para a implementação da Lei n. 10.639/03, que institui o ensino obrigatório de História e Cultura Afro-Brasileira."

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