Edital vai promover a qualificação de jovens negros e negras para o mercado cultural


Por Driely Jardim
A chamada pública nº 01/2013, da Fundação Cultural Palmares, selecionará propostas para a implantação de Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra – NUFAC’s
Cerca de 1.200 jovens negros e negras serão capacitados para atuar no mercado cultural por meio do edital da Fundação Cultural Palmares, lançado hoje, 1º de julho. A chamada pública nº 01/2013 garante a implantação dos Núcleos de Formação de Agentes de Cultura da Juventude Negra – NUFAC’s em todo o Brasil. As inscrições seguem até 30 de julho.
Esta é a segunda edição do certame que selecionará 10 (dez) propostas de entidades que possuam capacidade técnica e administrativa para oferecer cursos de formação profissional na área cultural para jovens negras e negros do ensino fundamental e médio, completo e incompleto, oriundos das classes sociais C, D e E de todas as regiões brasileiras.
Qualificação profissional e identidade – O diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP, Lindivaldo Júnior, explica que o principal objetivo é formar agentes de cultura que possam atuar como promotores da cultura negra brasileira no mercado de trabalho e nas comunidades onde vivem. “A ideia, além da capacitação, é permitir que eles adquiram consciência da forte influência das culturas africanas na identidade brasileira”, afirma.
Poderão se inscrever na chamada pública entidades privadas sem fins lucrativos que tenham como foco de atuação a cultura e a educação, comprovado por meio do histórico da instituição proponente e da aferição do efetivo exercício de atividades referentes ao objeto da parceria durante os últimos três anos; desenvolvam trabalhos em prol da cultura afro-brasileira, nas condições e exigências estabelecidas neste Edital; e estejam credenciadas e cadastradas no portal de convênios/SICONV do Governo Federal.
Para Vilmar Pereira de Souza, coordenador do NUFAC de Minas Gerais, os núcleos são uma importante oportunidade para incluir os jovens negros e negras na produção da cultura brasileira. Segundo ele, a capacitação ajuda os alunos a se tornarem protagonistas de sua própria história. “Nós percebemos que eles reencontram sua autoestima”, conta. “São jovens que estavam excluídos das oportunidades e agora podem superar essa condição de suscetibilidade”, analisa.
Juventude negra viva – A situação de vulnerabilidade da juventude negra no Brasil se traduz em números. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.
Esses jovens têm de 15 a 29 anos, são moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos, não chegam a completar o ensino fundamental. Segundo dados do Censo 2010, divulgado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os percentuais de pessoas de 10 anos ou mais de idade sem instrução ou com ensino fundamental incompleto são de 56,8% entre os pretos e 57,3% para os pardos.
Lindivaldo Júnior ressalta que além de criatividade, inovação e articulação com outras ações e iniciativas pedagógicas, as propostas inscritas no SICONV (Sistema de Convênios do Governo Federal) deverão apresentar, sempre que possível, produtos finais articulados com a temática do Plano Juventude Viva. “O NUFAC é uma ação que cria oportunidades para prevenir a vulnerabilidade dos jovens negros do Brasil, a situações de violência a que são expostos diariamente”, aponta. “É nossa responsabilidade pensar alternativas para que esse cenário mude”, conclui.
O prazo para inscrição é até 30 de julho de 2013.
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