Grace Passô!

GRACE PASSÔ

Trajetória solo em meio aos coletivos criativos de teatro

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Atriz e dramaturga do Grupo Espanca, Grace Passo
Diretora se diz atraída por trabalhos que terão continuidade
PUBLICADO EM 10/04/14 - 03h00
Deixar de lado um grupo e uma trajetória bem-sucedida não parece ter abalado a diretora, atriz, dramaturga e ex-integrante do Espanca! (justamente no ano em que o grupo faz dez anos de vida). Além de dirigir “Contrações”, com as premiadas Débora Falabella e Yara de Novaes, a diretora está (ou esteve) envolvida com uma série de projetos desde sua saída do coletivo. E projeta outros para o futuro.
 

Jovem e requisitada, a artista tenta manter, em sua lida, elementos norteadores dos coletivos de teatro, que se notabilizam por desenvolver seus trabalhos ao longo do tempo. “Minha vida sempre foi dentro de grupos, por isso, eu entendo perfeitamente seus modos de operar. Existe uma certa naturalidade”, ressalta ela.
Além de fundar o Espanca!, em sua carreira Grace já fez parte do Armatrux, cofundou a Cia. Clara de Teatro, com Anderson Aníbal, e esteve envolvida com projetos que primavam por características coletivas. Ela acredita que a diferença marcante dos grupos, para as produções eventuais de espetáculos, está justamente na sua perenidade. “Quando você trabalha com um coletivo, aquilo é sempre uma continuação de uma pesquisa, um trabalho que já se iniciou. Além disso, o trabalho passa a integrar o repertório do grupo e terá tempo para se transformar, se desenvolver, amadurecer”, destaca.
É justamente essa a trajetória dos espetáculos dirigidos por ela. “Os Ancestrais”, do Grupo Teatro Invertido, circulou pelo Sul do Brasil e se prepara para se apresentar em São Paulo. “Os Bem-Intencionados”, do Grupo Lume de Teatro – de Campinas, segue carreira pelo país e “Contrações” começa uma temporada de quatro semanas, no CCBB, em Belo Horizonte.
Na próxima empreitada, Grace vai dar um tempo nos coletivos. Ela foi convidada, pelo Palácio das Artes, para dirigir um trabalho inspirado no cineasta Ingmar Bergman, que estreia no fim deste mês. “Sarabanda” se inspira no último filme do sueco (“Saraband”). “O Bergman foi um homem de teatro. A obra dele é muito atravessada pela estética teatral. E no último filme dele, todas as questões estão ali de uma forma muito radical, com claras referências ao teatro”, analisa.
A direção é compartilhada entre ela e o cineasta José Ricardo Júnior, que levarão o público para o palco, em arquibancadas móveis, do Grande Teatro. “Sou de uma geração que não tem muito costume de entrar nesse espaço, a não ser como público. Vamos fazer o teatro que fazemos – perto do público, mas nessa estrutura grandiosa que é o Grande Teatro”, diz.
Dança. E como se tudo isso não bastasse, Grace está em cartaz com o espetáculo de dança “Rasante” – vencedor do Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes Cênicas de 2013 –, que tem direção do bailarino Sérgio Penna. A obra se inspira na literatura de Franz Kafka e mostra o homem e questões relacionadas à organização do trabalho e da vida em sociedade.
“Foi muito importante para mim. Eu quis entrar em outro processo, com outra linguagem. Sinto que é uma aproximação com questões primordiais do meu trabalho. A experiência me relembrou de uma dimensão poética do movimento, da palavra, do silêncio. Fora isso, sempre trabalhei o teatro em parceira com a dança, onde é possível encontrar outros corpos que existem dentro de mim”, diz.
Agenda
O quê. “Rasante”
Quando. Desta quinta a sábado, às 21h; Domingo, às 19h
Onde. Teatro João Ceschiatti (avenida Afonso Pena, 1.537, centro)
Quanto. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)

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