Luxúria para quem?



Em artigo, Cidinha da Silva analisa novo clipe do rapper Flávio Renegado. No texto, ela critica a objetificação das mulheres negras e a imagem de “macho-preto-comedor” passada pelo artista no vídeo; assista

Por Cidinha da Silva
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O novo clipe do rapper Flávio Abreu (Renegado), intitulado “Luxo só”, é um audiovisual de pobreza estética gritante.
Tudo é muito óbvio, direto, rude. E não se trata aqui de querer gourmetizar a luxúria proposta pelo clipe, mas, de reivindicar formas artísticas para abordar sexo e erotismo rasgados, em carne viva, entre negros.
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Um tipo de abordagem que possa, sim, propor uma estética que o artista considere como linguagem corporal protagonizada por negros nas quebradas do mundão, mas que não trate as mulheres negras como pedaços de carne animados. Uma linguagem que, preferencialmente, desconstrua o personagem macho-preto-comedor, ao invés de ratificá-lo década após década, como o rap não se cansa de fazer.
A gente não exige de todo mundo a sensibilidade e o esmero estético de um Barry Jenkins, roteirista e diretor de Moonlight: sob a luz do luar, porém, espera que os diretores que se proponham a traduzir a linguagem do gueto se esforcem um pouquinho e modelem coisas mais criativas e humanizadas.
Pode-se abordar sexo, erotismo e luxúria entre negros e/ou outros grupos humanos pela perspectiva artística. Pode-se também resvalar na desumanização própria da pornografia. São possibilidades.
A segunda opção é muito utilizada quando se quer reiterar um lugar subalternizado da música feita por negros e protagonizada por negros, com vistas a agradar amplo público consumidor, acostumado e/ou seduzido pelos estigmas que pesam sobre as costas das pessoas negras.
Assista:

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